Surpresos ( de novo).
"- Você não esperava isso?""
"- Nãããoooo....minha própria mãe.""
"- Ela já havia feito isso antes?"
"- Não comigo..."
"- Há quantos anos você é filha dela?"
"- 42."
"- E o que você achou que ela faria.?"
"- O que toda mãe faz. Não brigar, não contar para os outros, entender"
"- E ela costuma não brigar, ficar quieta e entender?"
"- Quase nunca."
"- E você realmente ficou surpresa porque ela fez o que sempre faz?"
Afinal, porque nos surpreendemos com padrões de respostas sistemáticos e previsíveis das pessoas com quem convivemos?
A indignação e a surpresa existem porque interagimos, dialogamos e convivemos muito mais com nossas expectativas sobre o outro, do que com "o outro."
A supresa é sempre proporcional à nossa maturidade.
Só um adulto consegue olhar para a realidade sem alienar-se com negações e ilusões por um lado, e sem sucumbir ao ressentimento de ter seus sonhos frustrados por outro.
A nossa disposição interna para olhar para a realidade e aceitar as pessoas e circunstancias como elas são, é a maneira mais respeitosa, e principalmente, segura, de nos relacionarmos em qualquer ambiente: afetivo, familiar, profissional.
Respeitosa, porque preservamos a liberdade de cada um, e não "exigimos" que o outro se molde ao que desejamos, e segura, porque podemos calibrar nossas expectativas, ofertas e intenções.
A provocação: "Eu só reconheço o que eu conheço" do prof Adalberto Barreto explica que nossa "indignação e surpresa" com o comportamento de uma pessoa com quem convivemos por anos, esbarra na dificuldade de aceitar nossas próprias vulnerabilidades, padrões e imperfeições.
Aceitar... como premissa de toda e qualquer mudança.
Quanto mais "perfeitos", "inocentes" ou "santos" acreditamos ser, mais "indignados", "revoltados" e "supresos" ficaremos conosco, com o outro, e com a realidade como ela é.