A chupeta no telhado
A percepção de si mesmo, nossa identidade pessoal, é fortemente afetada por traumas e dificuldades que sofremos ao longo da vida.
Pessoas que foram abusadas, ou sofreram violência, não foram autorizadas a "saber de si" e repetem dolorosos julgamentos equivocados projetados na infancia, sobre si mesmas, na vida adulta.
E apesar do sucesso e do desenvolvimento pessoal, reproduzem sempre o mesmo discurso, pensamento e ação.
Com frequencia escuto : " Eu sou assim".
E eu corrijo: " Você era assim rs."
Por outro lado, assumir nossa identidade de vida adulta, nossas habilidades e competencias, nos obriga a jogar a chupeta no telhado. Dói.
Mesmo porque você pode ter escutado ou se convencido que não sobreviveria sem a chupeta. Que a chupeta faz parte de você...
É difícil atualizar nossa imagem porque teremos que desapegar dos nossos pensamentos, crenças, hábitos, esquemas e vícios de estimação.
Ou seja, dar adeus aos nossos os mecanismos de sobrevivencia mal adaptativos que incorporamos como defesa em uma fase da vida de poucos recursos e muita imaturidade emocional.
A dificuldade em reprogramar comportamentos, inibir padrões automáticos, reações impulsivas, passa pela nossa dramática ausencia de repertório teórico e prático para lidar com a vida, com as circunstancias, de maneira diferente: para quem tem um prego, a vida é um martelo.
Quando decidimos mudar, por algum tempo, nossas certezas e ações serão substituídas pelo vazio, pelo desconforto e pela angústia. Mas de tanto fazer diferente, seu cérebro desiste e esquece de memórias e padrões de reação, e sem perceber você tá fazendo diferente….
Tenho tido a experiencia amorosa de me olhar de fora, me incentivar, segurar minha mão, sussurrar no meu ouvido, escolher as palavras e moldar a maneira como meu eu do presente deseja existir.
A persistencia em estabelecer novos padrões e hábitos, inaugura uma “segunda pele”, natural e indistinguível do funcionamento inicial.
E um belo dia, sem perceber, você muda.
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