Amor e Apego.

Existe uma linha tênue entre dívida e gratidão, entre amor e apego, afeto e barganha.

Bastaria dizer que nenhuma relação que envolve amor deveria nos endividar.

O amor é pulsão de querer bem aquele ser humano que faz tudo diferente da gente.

Gostamos das frases inesperadas, dos silêncios, das soluções impensadas, do sorriso, do inusitado que nos desconcerta nesta relação.

O amor preserva, nutri, incentiva e liberta.

Mas só é possível amar o outro quem ama a si mesmo.

Parece difícil desenvolver o amor próprio, principalmente porque interpretamos auto estima como o sentimento de pessoas perfeitas com uma vida privilegiada.

Longe da perfeição, amor próprio envolve não apenas autoconhecimento, conexão com necessidades importantes, validação das nossas habilidades e vocações, mas também colocar contornos e limites para preservar nossa identidade e bem estar.

O amor próprio em qualquer circunstancia, inclusive em momentos ruins, é a condição primária para amar alguém.

Quando estamos infelizes ou insatisfeitos, aprisionados em dinâmicas de consumo e pouca gratificação, paramos de ofertar, e esse é o começo do fim do amor.

Só oferta gratuitamente quem tem o suficiente para si mesmo.

Quando ofertamos o que não temos, aumentamos nosso déficit, e endividamos o outro esperando que faça, ou se torne, o que precisamos para ficarmos bem.

A oferta amorosa saudável, entre pais e filhos, conjuges e amigos, não envolve barganha, não condiciona ou submete o amor à obediência, não causa exaustão, e nem sofrimento.

Tudo que reduz nossas possibilidades de evolução, atrofia nossas habilidades ou nega a nossa essencia é de outra ordem.

Mas amor, amor não é...é apego.

O apego é o vínculo de dependencia que molda o outro para atender necessidades, desconsiderando os limites e dinamicas do outro.