Dívida e Gratidão e Reciprocidade.
“-Nós te criamos, você nos deve sua vida.”
Essa crença de que precisamos indenizar nossos pais por nossa existência norteou as relações entre pais e filhos por muito tempo.
Baseada na inversão da ordem natural do universo, (que prioriza o apoio ao filhote, que tem menor repertório e muito que construir, para atender os desejos e necessidades do sistema familiar de origem) produz muito sofrimento, estagnação e dor.
Nós recebemos apenas “o suficiente” para nos tornarmos adultos e ofertamos apenas “ o suficiente” para os nossos descendentes.
“-Bem vindo ao clube dos filhos traumatizados.” eu brinco com meus filhos.
Todos somos traumatizados em alguma medida, porque somos filhos de pais e mães imperfeitos.
E nossos traumas, problemas, privações e inseguranças nao podem ser projetados nos nossos descendentes.
Como pais, somos tentados a contar nossa história triste de infancia para induzir nossos filhos, por amor, lealdade ou culpa, a nos atender.
Conscientes do nosso poder, da nossa influência, persuadimos filhos empáticos a assumirem multiplas funções, garantindo que permaneçam em nosso sistema.
Essas dinâmicas de emaranhamento ocorrem em outros sistemas como conjugal e profissional, por exemplo quando endividamos um cônjuge por sua “ suposta sorte na vida”, impondo uma indenização perpétua por nossa suposta “ má sorte”.
Comments